Seguidores

terça-feira, 2 de abril de 2013

Cabrada



Milhares de cabritas;
Belas e benditas.
Pra mim: só as malditas.


Imagem: http://revistatrip.uol.com.br/print.php?cont_id=19888
Acesso em 02 abril 2013 

5 comentários:

  1. Limerique

    Bem aventurado aquele vate
    Que no capril arruma um biscate
    São as tais cabrinhas
    Que não andam na linha
    Que vão batalhar o bom combate.

    ResponderExcluir
  2. ahhh mas estas são zen...


    http://tvig.ig.com.br/variedades/mundo-animal/cabritas-massagistas-relaxam-agricultor-veja--8a498026358bac69013590cf0a7800a7.html

    ResponderExcluir
  3. Limerique

    Era uma vez cabrita virtuosa
    Que não queria gente pegajosa
    Mas o vate era só paixão
    E a cabritinha dizia não
    Se tornou relação tumultuosa.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Caro Jair,
      Conheces essa estória do saudoso Aldírio Simões:

      A cabrinha apaixonada

      ]Quando o pai chegou em casa com a cabrinha, que havia trocado por tainhas escaladas no Córrego Grande, o filho encantou-se com o belo animalzinho. Depois de uma rápida troca de olhares, o afago do manezinho correndo a mão nas costas da bichinha, atitude que ela correspondeu arrepiando os pêlos e um berro em forma de suspiro, surgiu naquele momento algo em comum entre os dois, um recíproco amor a primeira vista.
      O garoto dedicava todo o seu tempo livre para cuidar da cabrita, ambos brincando de esconder nas dunas da Lagoa, nos passeios à deserta praia da Joaquina, reservando para ela os ramos mais novos de espinheiros e os sabugos mais tenros e milho, ração preferida de Bitinha, apelido carinhoso que recebeu de seu dono. A mãe reclamava constantemente do excesso de zelo do rapaz, ele costumava banhá-la nas águas da fonte com o sabonete Eucalol destinado ao banho geral da família aos sábados.
      Antigamente no interior da Ilha a higiene diária das pessoas resumia-se em lavar os pés na gamela antes de dormir e as mulheres apenas jogavam água do sexo. Banho geral mesmo somente aos sábados. "Rapagi larga essa cabrita. Lava os pés e cama", ralhava o pai chateado com as frescuras entre os dois.
      E de tanto tomar banho frio na fonte, Bitinha acabou ficando "constipada", acordava a família na madrugada com intermináveis espirros que deixavam o velho furioso, e decidiu que no dia seguinte ela dormiria no engenho com os outros animais e não na cozinha da casa como vinha ocorrendo.
      Dazo ainda tentou demover o pai de tamanha crueldade mas não conseguiu convencê-lo. Nas frias madrugadas de inverno ele saía da cama, pé por pé, e passava horas no engenho dormindo com a cabrita. Com o decorrer do tempo a mãe chamou atenção do marido sobre a excessiva palidez do garoto. O pai, acumulando grande experiência de vida, trabalhando durante anos na pesca na praia do Cassino, no Rio Grande do Sul, que lhe rendeu uma venda na Lagoa e uma carroça para revender peixe, há muito andava desconfiado da intimidade do filho com a cabrinha.
      Desconfiança aliás que caiu na boca da vizinhança, passando a chamar o garoto de Dazo da Bitinha, para desespero da mãe. O pai passou a seguir os passos do filho, queria certificar-se do que andava imaginando. Com uma vara na mão afugentava a Bitinha que insistia em seguir Dazo até a escola. "Essa cabra anda com a pá virada, anda viciada em alguma coisa, " reclamava ele para a mulher. Decidido então a colocar fim naquele suposto romance, determinou que o garoto o acompanhasse nas viagens até a cidade, levando a carroça carregada de peixe para vender às quartas-feiras no Mercado Público.
      Dazo da Bitinha cresceu e a cabrinha também, mas o relacionamento já não era mesmo, embora ela continuasse com o ciúme doentio, chifrando as meninas que dele se aproximavam, ou seja, começou a criar problemas. A gota d'água foi quando Bitinha invadiu um baile na capela da Lagoa durante os festejos de Nossa Senhora da Conceição, aos berros, protestando contra a atitude do amante que rodopiava com a namorada no salão. Sentiu-se traída e estava determinada a rodar a baiana, fazer um escândalo. Mas foi sensata, decidiu então fazer cocô no meio o salão e saiu porta afora rebolando, com a platéia escancarada em risos.
      "Dazo um banho," inticavam seus amigos. Aquela atitude pegou muito mal, Dazo foi imediatamente abandonado pela primeira namorada que não aceitou a concorrência com Bitinha. O pai mandou Dezo estudar na cidade, morar numa casa de uma família amiga. Bitinha não se deu por vencida. Esperava ansiosamente o sábado chegar para aguardar Dazo descer do ônibus com um festival de berros. Mas o sentimento do jovem já não era o mesmo.

      Por isso a expressão "dax um banho".
      Eu tenho dois livros do Aldírio, estórias e histórias muito hilárias!
      Abraços!

      Excluir

Muitíssimo obrigado pela sua visita.